João Pedro, meu filho , 07 anos, está Autista |
Eu me pergunto a cada momento
Em que mundo nós vivemos.
Onde fazer escárnio da deficiência do outro
É engraçado...Onde ganhar dinheiro a qualquer custo
É invadir a credibilidade do outro.
Por que:
Na casa do autista, há ingenuidade.
Na casa do autista há um jardim de tulipas
Na casa do autista há seres mágicos.Luzes de estrelas, pureza de luas.
Na casa do autista, poucos saberão entrar
Para tanto precisarão limpar as mazelas internas.
Para tanto precisarão amar os diferentes.
Às vezes eu olho a minha volta
E só vejo vazio em cada olhar
Em cada ato, em cada risada sarcástica
Como se o outro fosse seu próprio espelho
Sim eu vejo no outro
Meu próprio reflexo torto.
A perfeição quando é de alma
E está arraigada em nossos autistas.
Às vezes eu me pergunto
Para que eu trabalho tanto
Para inserir meu filho nessa sociedade
Mas que sociedade é essa?
Que se pudesse o mastigaria
Engoliria e depois vomitaria fora.
Às vezes a dor é tanta
Que eu preferiria...
No mundo dele me refugiar.
Ficar ali com ele, salvos da maldade.
Essa é a humanidade desumana
Que se avoluma no mundo.
Vamos matar por matar
Vamos ferir por ferir
O que temos a perder?
Meu filho nem sabe
Que as pessoas o acham
Mera peça defeituosa passível de zombaria.
Meu filho é puro.
Que caiu nessa terra Arida
Para aprender e ensinar
Que o maior valor da vida
É amar o seu próximo.
Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.
Blog Poesia em Gotas
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