sexta-feira, junho 17, 2011

Casa de avó também é lugar de educar

Avós podem quebrar algumas regras que valem na casa dos pais, mas não devem desautorizá-los ou driblar proibições explícitas .

Aquele estereótipo da avó velhinha, de cabelos brancos, óculos na ponta do nariz e fazendo crochê deu lugar a uma mulher dinâmica e ativa, que trabalha, pratica exercícios e ainda auxilia os filhos na tarefa de cuidar dos netos. Com maior perspectiva de vida, o perfil das avós realmente mudou, e muitas delas são solicitadas para ficar com os netos enquanto os pais trabalham, tendo uma relação ainda mais estreita com as crianças, interferindo diretamente na educação e no desenvolvimento delas.



Mas como as avós podem alinhar com os filhos a melhor maneira de agir em prol da educação dos netos? A psicoterapeuta Lidia Rosenberg Aratangy diz que é importante que, desde cedo, pais e avós cheguem a um acordo sobre as “leis” que farão parte da rotina das crianças. “Existem regras e leis. As regras podem ser mudadas de uma casa para outra, mas as leis devem ser respeitadas sempre”, afirma Lidia, co-autora do “Livro dos Avós – Na Casa dos Pais é Sempre Domingo?”, escrito com o pediatra Leonardo Posternak (Primavera Editorial).

Sendo assim, a avó pode encontrar o próprio meio de agir quando estiver com o neto em casa, mas desde que as “leis” combinadas previamente sejam cumpridas. Por exemplo: se na casa da avó é permitido dormir um pouco mais tarde que o convencional, não há problema, desde que o neto acorde no horário certo para ir para a escola. Isso se traduz para a criança da seguinte forma: “a hora de dormir é regra, mas não perder a aula é lei”. Desta maneira, a psicoterapeuta explica que o alinhamento entre pais e avós deve existir, mas não precisa ser rigorosamente igual. “O ponto de partida e chegada devem ser os mesmos, mas o caminho pode ser diferente. Isso é importante até mesmo para ensinar a criança a ter flexibilidade na vida e a respeitar as diferenças”, diz Lidia.

O problema geralmente acontece quando há esse alinhamento. Em anos de consultório, a psicoterapeuta de crianças e adolescentes Ana Olmos (SP) observou que uma das situações mais frequentes é a constante desqualificação dos pais da criança por parte dos avós. “É comum ouvir uma avó dizendo que o neto só consegue parar de chorar no colo dela. Isso inocula na mãe uma sensação de incompetência, de fracasso mesmo”, afirma Ana.

Em outros casos, avós que trabalharam muito no passado e não conseguiram cuidar dos filhos como queriam, hoje, com mais horário livre, intencionam recuperar o tempo perdido assumindo o papel de mãe. Em ambas as situações, a terapeuta aconselha que os pais tenham uma conversa firme e amorosa com os avós para resolver a questão o quanto antes. “É preciso deixar claro que ela é a avó, mas que desqualificar e desautorizar os pais na frente das crianças não pode acontecer de jeito nenhum. É dizer um não mesmo, simples assim, sem medo de magoar”, comenta Ana Olmos.


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